quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Contextualização e problematização do PEC em sala de aula

Embora o PEC seja um projeto cooperativo que envolve a escola toda e suas ações e atividades sejam planejadas para superar situações-problema coletivamente, para que tenha continuidade e sustentabilidade é preciso fazê-lo entrar na sala de aula! Algumas escolas que participam do Cooperjovem mergulharam o PEC na sala de aula desde a tabulação dos dados, contextualizaram a pesquisa de contexto juntamente com os alunos, ao mesmo tempo em que deram tratamento interdisciplinar à organização das informações coletadas, como foi o caso da Escola de Educação Básica Santos Dumont, de Blumenau, parceira da Cooper.
Exemplo 1


Ao contextualizar, o professor trata dos conteúdos de ensino pressupondo que possuem uma função, relacionam-se com circunstâncias e situações que dão significado ao aprendido, estimulando o protagonismo do aluno e sua autonomia intelectual. Da contextualização decorre a percepção da utilidade do aprendido (para que serve uma pesquisa de contexto, o que vamos fazer com as respostas coletadas, como podemos sintetizar os dados e descobrir o que é mais urgente na escola? Ah! Então é pra isso que a gente estuda fração e percentagem?), ou seja, que os conhecimentos escolares são significativos para a vida de quem aprende.
Contextualizar é uma atitude a ser exercida pelo professor permanentemente e não se confunde com exemplificação, ainda que possa servir-se dela. A contextualização dá sentido ao conhecimento construído, envolve o aluno afetiva e intelectualmente e é capaz de atribuir valor aos conhecimentos desenvolvidos na escola.
Exemplo 2


Os contextos podem ser estabelecidos por meio de aproximações com a vida de cada um, considerando relações com o meio ambiente, problemas de ordem social ou econômica, questões de convivência pessoal, de saúde ou sexualidade etc. Também pertence ao contexto a consideração do que a comunidade escolar pensa sobre o que não pode faltar na escola para que ela tenha qualidade, aspectos relacionados à vida local ou global – relativos à política, economia, ciência e tecnologia, entre outros.
Ao ter o conhecimento relacionado com a vida pessoal e/ou escolar, este adquire relevância como um modo de o aluno resolver os próprios problemas e os de seu entorno, fundamentar a tomada de decisões que afetam a qualidade de vida e tornar-se capaz de, com base no que aprendeu, fazer projetos de futuro.
A problematização, ou a proposição de situações de aprendizagem que exigem resolução de problemas, é um processo pelo qual se procura chegar a conclusões a partir de princípios e evidências, inferindo, com base no conhecido, novas possibilidades, ou avaliando os resultados obtidos. Um problema é uma situação nova que requer a utilização estratégica de técnicas já conhecidas. Essas características explicitam a diferença entre problema e exercício, quando existe um objetivo a ser atingido mediante a aplicação de procedimentos conhecidos. Resolver problemas, diferentemente, requer o uso de estratégias, reflexões e decisão sobre etapas não previstas.
As estratégias didático-pedagógicas, quando associadas à resolução de situações-problema, incentivam os alunos a se informarem para observar e interpretar dados; levantar hipóteses; pensar em possibilidades variadas de solução; construir argumentos e explicar as alternativas escolhidas; comparar diferentes alternativas de solução; avaliar a alternativa escolhida; descrever o processo de execução da solução encontrada.
Exemplo 3



Perguntar ou elaborar bons problemas não é tarefa simples. Não é qualquer pergunta que se transforma em problema; a problematização é fruto da associação de diversas informações e do relacionamento com o objeto de estudo, seja uma comunidade escolar, um segmento da população, uma área do conhecimento, uma questão social etc. No caso do exemplo 3, que reúne respostas de alunos, professores e pais, se poderia problematizar a razão da diferença entre o que é mais importante para alunos (aprendizagem) e professores (disciplina), por exemplo, já que é comum que a escola fale sobre a falta de interesse e vontade dos alunos em aprender. Oportunidade também para problematizar o discurso da escola: o que os alunos gostariam de aprender na escola? Por que não se interessam em aprender o que a escola quer ensinar?
O PEC favorece buscar as raízes das situações-problema apontadas pelos diferentes segmentos da comunidade escolar – contextualizar o problema –, para detectar questões que têm a ver com o contexto da escola, com as relações que se estabelecem dentro e fora dela.
Nesse caso, vale a pena pensar sobre como a elaboração do PEC poderá dar respostas a perguntas como: que atitudes podem viabilizar o diálogo escolar independentemente da natureza do problema? Em que situações os pressupostos da educação cooperativa podem sensibilizar a prática docente? Que ações coletivas podem mobilizar alunos e famílias a participar de forma efetiva na definição de novos rumos? Que atitudes são capazes de transformar a visão de todos os envolvidos no processo educacional? Como motivar a mudança de atitudes cooperativamente? Também nesse aspecto a contextualização e a problematização são posturas auxiliares à busca das respostas.

Fonte: http://www.ocesc.org.br/cooperjovem/?p=3749